quinta-feira, 23 de maio de 2013
EDITORIAL
Para recuperar o tempo perdido
Osvaldo comemora neste dia 6 de junho 72 anos de fundação vivendo um momento de incerteza e procurando se reordenar politicamente. Com a disputa política acirrada ocorrida no ano passado, que culminou com a impugnação dos votos recebidos pelo ex-prefeito Valter Luiz Martins (PSDB), que recebeu cerca de 70% dos votos válidos, o município ainda não tem um prefeito eleito empossado e sua população deverá voltar às urnas para escolher novamente o seu prefeito.
Enquanto isso, a cidade vai tocando a vida. Edmar Mazucato, presidente da Câmara é o prefeito interino, mas vem enfrentando dificuldades geradas pela tumultuada transição política que ainda não aconteceu. Coisas que estavam funcionando bem pararam de funcionar, a infraestrutura básica do dia a dia foi prejudicada, a cidade vive uma epidemia de Dengue que antes estava sob controle e há
desconfiança e desânimo entre os eleitores. A verdade é que, sem entrar no mérito dos motivos e justificativas das ações movidas pela oposição política que acabou gerando esta situação, o povo de um modo geral se sentiu desautorizado pela Justiça Eleitoral no desejo que teve em eleger o seu prefeito em outubro de 2012.
Mas já que a coisa está feita e, se haviam fichas sujas instaladas lá na casa azul da Rua Kieffer, ninguém é contra que as coloquem no arquivo morto, mas é hora de recuperar o tempo perdido e procurar compensar o atraso gerado pela legítima, porém indesejada, disputa política.
É bom lembrar que, fora os partidários, correligionários das várias correntes políticas, interessados e envolvidos que num dia se atacam nas sessões da Câmara, sob as luzes dos holofotes e sons dos microfones, e no outro dia estão se abraçando e articulando nas reuniões secretas, há uma população que precisa de boa qualidade e bom atendimento nas áreas de Saúde, Educação, Segurança,Transporte, Habitação, santa casa funcionando, ruas transitáveis, água de boa
qualidade, assistência social e, enfim, de uma cidade tranquila para viver.
No momento em que a cidade comemora 72 anos de fundação, ao invés de festa temos pela frente uma nova disputa. Vários pré-candidatos, alguns já certos, outros buscando acordos e futuras acomodações, estão no novo desenho político para a disputa da eleição que não terminou em 2012. Que a nova chamada eleitoral não faça o povo perder tempo e que o eleito comece a trabalhar imediatamente para recuperar o atraso.
Moacyr Custódio
HISTÓRIA
O ideal dos pioneiros e a força do trabalho de seus cidadãos construíram uma grande cidade
De uma clareira em plena mata virgem surgiram patrimônio, vila, distrito, município e sede de
Comarca na história de uma das mais progressistas cidades do Estado de São Paulo.
A história da fundação e povoação da cidade de Osvaldo Cruz teve início há cerca 81 anos, mais precisamente em 1921. Por esta época, o industrial suíço Max Wirth deixou sua terra, onde se dedicava a indústria têxtil, e decidiu explorar o sertão paulista. Assim, adquiriu uma área de 60.000 alqueires nas regiões Oeste e Noroeste do Estado.
Em uma área conhecida como Salto Dr.Carlos Botelho, onde hoje se localiza Osvaldo Cruz, Max Wirth fez a primeira derrubada e montou uma serraria na tentativa de abrir uma fazenda. A empreitada foi interrompida devido ao isolamento da região, que impossibilitava o atendimento médico aos trabalhadores afetados por doenças tropicais, especialmente a malária. Na época, o povoado mais perto era o patrimônio de Nova Pátria e a cidade mais próxima era Araçatuba, na qual se chegava apenas através uma interminável trilha a pé, a cavalo ou em carros de boi.
Abortada a missão, Max Wirth passou a investir em outras regiões, já que tinha terras também no norte do Paraná e na região de Marília. E foi justamente onde hoje é a cidade de Oriente que montou a sede de sua colonizadora, enquanto se dedicava também a indústria, como acionista majoritário da recém criada Leite Vigor e investindo também na agricultura de café e cereais.
Em 1940, com a região a partir de Bauru com vários povoados sendo fundados, como Tupã e Rinópolis, o explorador fundiário voltou seus olhos para as terras, de sua propriedade, das Fazendas Guataporanga e Monte Alegre, entre os rios do Peixe e Aguapeí (Feio), com área total de 18.940 alqueires (45.456 hectares).
Neste ano, Max Wirth organizou a colonização da Alta Paulista, sob direção geral do dr. Hans A. Schweizer e direção técnica do engenheiro Hans Clotz, auxiliados pelos engenheiros agrônomos Arno Kieffer, Yutaka Abe, Ernesto Melan, Walter Schiller e, posteriormente, em 1941, pelo dr. Orlando Bergamaschi. Esses engenheiros, na verdade os grandes responsáveis pela organização e fundação efetiva dos povoados, deram início aos trabalhos
topográficos da região, loteando em pequenas propriedades que passaram a construir, na ordem cronológica de sua abertura, as sessões de Chácara Califórnia, Negrinha, Canaã (hoje Parapuã) e Lagoa (hoje Lagoa Azul).
A derrubada da mata recomeçou na região de Osvaldo Cruz e, no 6 de junho de 1941, foi fundado o patrimônio de Nova Califórnia, nome em homenagem ao estado americano que, a exemplo da Alta Paulista, também foi significativo no desenvolvimento do Oeste dos Estados Unidos.
O povoado foi fundado exatamente onde hoje é a Praça Lucas Nogueira Garcez, então uma clareira em plena mata virgem, com a celebração da primeira missa pelo padre Gaspar Aguillo Cortez, assistida por dezenas de machadeiros que trabalhavam na derrubada da floresta.
Além da Família Wirth, que abriu dezenas de fazendas que se enfileiravam entre Inúbia Paulista e Massa-Pé (hoje Salmourão), com os nomes de Arapongas, Caramuru, Oroitê, Bangalô, Coroados, Bem-Te-Vi, Bandeirantes, entre outras, a terra fértil atraiu outros colonizadores de várias origens, como espanhóis e portugueses. E, em consequência,
milhares de famílias oriundas de outras cidades paulistas, das regiões central, araraquarense, mogiana, e os imigrantes italianos e japoneses que chegavam ao Brasil em busca do chamado Eldorado que se anunciava no Exterior.
Esses homens, mulheres e jovens trabalhadores pioneiros, chegados de toda a parte e as gerações natas que os sucederam, foram os responsáveis pelo crescimento vertiginoso da cidade.
Em pouco mais de um ano, em 16/11/1942, a Vila Califórnia, sob a administração de Walter Wild, foi elevada a categoria de Distrito da 2ª. Zona, com sede em Baliza (Martinópolis) e pertencente a comarca de Presidente Prudente. Junto com a elevação a distrito, houve também a mudança de nome para Osvaldo Cruz, em homenagem ao Dr. Oswaldo Gonçalves Cruz (1872-1917), cientista e médico sanitarista responsável pela erradicação da febre amarela no Rio de Janeiro e responsável por importantes iniciativas na área de saúde pública.
Em 30/11/1944, portanto apenas três anos após a fundação, foi criado o município, pelo decreto 14.334, no governo (interventoria) de Fernando
Costa e, em 1º/01/1945, foi instalado o município de Osvaldo Cruz.
A cidade crescia de forma acelerada e, em 1º./04/1949, viveu um de seus momentos mais importantes: com uma multidão em festa, chega à cidade o primeiro trem de passageiros da Companhia Paulista, que até então só chegava em Tupã. O prefeito era Orlando Bergamaschi.
Durante um ano Osvaldo Cruz foi “ponta de linha” (última estação a partir de São Paulo), até, em 1950, a linha concluir o trecho Inúbia Paulista-Lucélia-Adamantina e, a partir daí, prosseguir até Panorama.
Mata virgem e vila em 1941, distrito em 1942 e município em 1945. A cidade dava pulos no calendário que outras cidades demoraram décadas para percorrer. E, em 30/11/1953, outro grande salto em direção ao progresso: pela Lei Estadual 2.456, Osvaldo Cruz é elevada a categoria de sede de Comarca, instalada em 24/01/1954, tendo como distritos Sagres, Salmourão e Lagoa Azul.
Em 1956, 15 anos após a fundação, Osvaldo Cruz foi classificada como uma das dez cidades de maior progresso do Brasil.
Em 1959, Sagres (antiga Caíque) e Salmourão (Massa-Pé) foram emancipados como municípios, permanecendo até hoje Lagoa Azul como distrito de Osvaldo Cruz. A Comarca de Osvaldo Cruz hoje é formada por Sagres, Salmourão e Parapuã, com cerca de 50 mil habitantes. Importantes indústrias e produtores rurais geram a economia da cidade, que tem comércio e serviços em plena expansão.
Osvaldo Cruz hoje tem quase 31 mil habitantes. O prefeito é Edmar Mazucato (PSDB), que está no cargo como interino na condição de Presidente da Câmara e o presidente da Câmara, também interino, é Nélson Silva (PP).
Moacyr Custódio
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