sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Faixas exclusivas para ônibus em São Paulo revelam intolerância de motoristas de carros contra usuários do transporte coletivo
A Prefeitura do Município de São Paulo, através da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), concluiu, na segunda-feira (14), o seu programa denominado “Operação dá Licença para o ônibus”, que previa 220 km de faixas exclusivas para os ônibus, visando, segundo o prefeito Fernando Haddad (PT), “promover a circulação do transporte coletivo da Capital, diminuir o tempo de viagem aos usuários e melhorar o conforto (...)”.
A implantação do programa foi rápida e ultrapassou o objetivo: nesta semana foram concluídos 232,1 km de faixas exclusivas. Rápido por que a “obra” é fácil de ser executada: basta pintar uma faixa com tinta branca ao longo das ruas e avenidas, colocar uma placa e faixas (de pano) informando sobre a novidade, que está pronto.
Com a conclusão do programa na Zona Leste, que incluiu a avenida Marechal Tito, ruas centrais de Itaquera, Artur Alvim e Ermelino Matarazzo, as faixas exclusivas estão em toda a cidade, além das principais avenidas como Paulista e Radial Leste, onde já existiam.
Os horários são diferentes de um local para o outro, mas geralmente é de manhã das 6 às 9 hs, no sentido centro, e à tarde, das 17 às 20 hs, no sentido bairro. Isso gerou uma confusão: há avenidas, como em Itaquera e em São Miguel Paulista, que o movimento é o mesmo nos dois sentidos, todas as horas do dia, sem que ninguém saiba qual é o sentido centro, já que o sentido centro para uns pode ser sentido bairro para outros.
O fato é que o programa está gerando uma intolerância dos motoristas de carros contra os usuários de ônibus. As faixas exclusivas de ônibus agradaram os passageiros, que tiveram redução do tempo de viagem de até 40 minutos; mas desagradaram os motoristas de carros particulares, que estão enfrentando maiores congestionamentos devido a redução da pista por onde podem circular nos “horários das faixas”. Resumo da opera: quem só anda de carro, detesta; quem usa ônibus, aprova. Coisas de uma cidade onde é cada um para si.
A população da Capital ultrapassa 11 milhões de habitantes e tem sete milhões de veículos registrados, mas esses números não representam a realidade. A população da região metropolitana passa de 19 milhões e o número de veículos que circulam por São Paulo se multiplica com os veículos que vêm das grandes cidades como Guarulhos, Osasco, Carapicuiba, Santo André...e de todos os lugares.
Os ônibus das empresas permissionárias na cidade são acima de 15 mil, que transportam quase 10 milhões de passageiros por dia, contando todas as viagens. Aqui, também o número se multiplica com os ônibus intermunicipais que ligam as cidades da região metropolitana. Este sistema tem o apoio essencial do Metrô, que transporta 3,8 milhões de passageiros por dia.
Assim, a polêmica e o incômodo são apenas dos motoristas que, sozinho em seu carro, reclamam da faixa exclusiva de ônibus, onde estão 80 pessoas em cada coletivo, apertadas como sardinhas na lata, sem conforto, mas que aplaudem em pé, literalmente em pé, a faixa exclusiva.
Moacyr Custódio
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