quinta-feira, 11 de junho de 2015

RÁDIO CUMBICA-AM DE GUARULHOS É INVADIDA E OCUPADA PELO SINDICATO DOS RADIALISTAS

Diretores do Sindicato dos Radialistas do Estado de São Paulo estão ocupando, produzindo e apresentando programas na Rádio Cumbica-AM de Guarulhos, alegando que os funcionários estão em greve. No último dia 5, o Sindicato invadiu a emissora, realizou no estúdio e, na presença de apenas dois funcionários, decretou greve. Tirou a rádio do ar e fechou as portas, como se fosse um poder policial. Hoje, os sindicalistas estão apresentando programas e aproveitando para colocar no ar outras pautas de suas reivindicações contra outras emissoras de rádio e televisão. Ou seja: fazendo política sindical em uma emissora que tem a sua programação ouvida por milhares de pessoas, há 24 anos. Uma semana antes desta ocupação do Sindicato dos Radialistas, o programa Repórter 1500, apresentado por mim, fez críticas contra a administração do prefeito Sebastião Almeida, do PT, mesmo partido que controla o Sindicato. Sinto no ar um cheiro de retaliação, paus mandados e violência a liberdade de expressão e imposição aos funcionários, que, pelo que sei, nunca tiveram a intenção de fazer greve. Sou jornalista free-lancer da Rádio Cumbica....fui repórter e editor de jornais importantes. Nunca vi tamanha arbitrariedade sendo desenvolvida em um regime democrático e de estado de direito. De qualquer forma, segundo fiquei sabendo, o diretor Gerson Marcondes, que teve manifestação feita em frente a sua casa, já está tomando providências com o seus advogados e já tem boletim de ocorrência registrado na 4 Delegacia de Polícia de Guarulhos sobre a invasão ilegal do prédio da emissora. Conhecendo a Rádio Cumbica como conheço, estou ao lado dos meus amigos funcionários. Aliás, todos trabalhando lá há mais de 10 anos, sem nunca manifestar desejo de fazer greve. Esta "greve", ao que parece, foi deflagrada à revelia e por indução. De qualquer maneira, isso é cosa para ser resolvida na Justiça, Ministério Público e, se constatada ilegalidade, na Polícia Federal, que é o órgão responsável em investigar ações que ferem a Constituição e contraria a Democracia. Veja nas fotos, publicadas pelo próprio Sindicato dos Radialistas do Estado de São Paulo, a festa que estão fazendo no prédio, estúdio e técnica da Rádio Cumbica com esta ocupação.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Osvaldo Cruz comemora 74 anos seguindo sua trajetória de cidade projetada para o progresso

Osvaldo Cruz comemorou neste sábado (6 de junho) 74 anos de fundação vivendo um momento de progresso e de grandes realizações com a administração do prefeito Edmar Mazucato (PSDB) e o vice-prefeito Luiz Antonio Gumiero. Osvaldo Cruz nasceu de uma clareira em plena mata virgem, quando surgiram patrimônios, entre eles a pequena Califórnia, primeiro nome da cidade. Foi vila, distrito, município e sede de Comarca em poucos anos, com uma trajetória que a transformou em um dos mais progressistas municípios do Estado. A história da fundação e povoação da cidade de Osvaldo Cruz teve início há 94 anos, mais precisamente em 1921. Por esta época, o industrial suíço Max Wirth deixou sua terra, onde se dedicava a indústria têxtil, e decidiu explorar o sertão paulista. Para isso, adquiriu uma área de 60.000 alqueires nas regiões Oeste e Noroeste do Estado. Em uma área conhecida como Salto Dr.Carlos Botelho, onde hoje se localiza Osvaldo Cruz, Max Wirth fez a primeira derrubada e montou uma serraria na tentativa de abrir uma fazenda. Era preciso tratar a madeira para as primeiras construções. A empreitada foi interrompida devido ao isolamento da região, que impossibilitava o atendimento médico aos trabalhadores afetados por doenças tropicais, especialmente a malária. Na época, o povoado mais perto era o patrimônio Nova Pátria e a cidade mais próxima era Araçatuba, na qual se chegava apenas através uma interminável trilha a pé, a cavalo ou em carros de boi. Abortada a missão, Max Wirth passou a investir em outras regiões, já que tinha terras também no norte do Paraná e na região de Marília. E foi justamente onde hoje é a cidade de Oriente que montou a sede de sua colonizadora, enquanto se dedicava também a indústria, como acionista majoritário da recém- criada Leite Vigor e investindo também na agricultura de café e cereais. Em 1940, com a região a partir de Bauru com vários povoados sendo fundados, como Tupã e Rinópolis, o explorador fundiário voltou seus olhos para as terras, de sua propriedade, das Fazendas Guataporanga e Monte Alegre, entre os rios do Peixe e Aguapeí (Feio), com área total de 18.940 alqueires (45.456 hectares). Neste ano, Max Wirth organizou a colonização da Alta Paulista, sob direção geral do dr. Hans A. Schweizer e direção técnica do engenheiro Hans Clotz, auxiliados pelos engenheiros agrônomos Arno Kieffer, Yutaka Abe, Ernesto Melan, Walter Schiller e, posteriormente, em 1941, pelo dr. Orlando Bergamaschi. Esses engenheiros, na verdade os grandes responsáveis pela organização e fundação efetiva dos povoados, deram início aos trabalhos topográficos da região, loteando em pequenas propriedades que passaram a construir, na ordem cronológica de sua abertura, as sessões de Chácara Califórnia, Negrinha, Canaã (hoje Parapuã) e Lagoa (hoje Lagoa Azul). A derrubada da mata recomeçou na região de Osvaldo Cruz e, no 6 de junho de 1941, foi fundado o patrimônio de Nova Califórnia, nome em homenagem ao estado americano que, a exemplo da Alta Paulista, também foi significativo no desenvolvimento do Oeste dos Estados Unidos. O povoado foi fundado exatamente onde hoje é a Praça Lucas Nogueira Garcez, então uma clareira em plena mata virgem, com a celebração da primeira missa pelo padre Gaspar Aguillo Cortez, assistida por dezenas de machadeiros que trabalhavam na derrubada da floresta. O Marco Zero da cidade é na rua Salles de Oliveira, entre o Terminal Rodoviário e o Corpo de Bombeiros. Além da Família Wirth, que abriu dezenas de fazendas que se enfileiravam entre Inúbia Paulista e Massa-Pé (hoje Salmourão), com os nomes de Arapongas, Caramuru, Oroitê, Bangalô, Coroados, Bem-Te-Vi, Bandeirantes, entre outras, a terra fértil atraiu outros colonizadores de várias origens, como espanhóis e portugueses. E, em consequência, centenas de famílias oriundas de outras cidades paulistas, das regiões central, araraquarense, mogiana, vieram para a região. Chegavam também os imigrantes italianos e japoneses que embarcavam para o Brasil em busca do chamado Eldorado que se anunciava no Exterior. Esses homens, mulheres e jovens trabalhadores pioneiros, chegados de toda a parte e as gerações natas que os sucederam, foram os responsáveis pelo crescimento vertiginoso da cidade. Em pouco mais de um ano, em 16/11/1942, a Vila Califórnia, sob a administração de Walter Wild, foi elevada a categoria de Distrito da 2ª. Zona, com sede em Baliza (Martinópolis) e pertencente a comarca de Presidente Prudente. Junto com a elevação a distrito, houve também a mudança de nome para Osvaldo Cruz, em homenagem ao Dr. Oswaldo Gonçalves Cruz (1872-1917), cientista e médico sanitarista responsável pela erradicação da febre amarela no Rio de Janeiro e por importantes iniciativas na área de saúde pública. Em 30/11/1944, portanto apenas três anos após a fundação, foi criado o município, pelo decreto 14.334, no governo (interventoria) de Fernando Costa e, em 1º/01/1945, foi instalado o município de Osvaldo Cruz. A cidade crescia de forma acelerada e, em 1º./04/1949, viveu um de seus momentos mais importantes: com uma multidão em festa, chega à Osvaldo Cruz primeiro trem de passageiros da Companhia Paulista, que até então só chegava em Tupã. O prefeito era Orlando Bergamaschi. Durante um ano Osvaldo Cruz foi “ponta de linha” (última estação a partir de São Paulo), até, em 1950, a Companhia concluir o trecho Osvaldo Cruz-Inúbia Paulista-Lucélia-Adamantina e, a partir daí, prosseguir até Panorama. Mata virgem e vila em 1941, distrito em 1942 e município em 1945. A cidade dava pulos no calendário que outras cidades demoraram décadas para percorrer. E, em 30/11/1953, outro grande salto em direção ao progresso: pela Lei Estadual 2.456, Osvaldo Cruz é elevada a categoria de sede de Comarca, instalada em 24/01/1954, tendo como distritos Sagres, Salmourão e Lagoa Azul. Em 1956, 15 anos após a fundação, Osvaldo Cruz foi classificada como uma das dez cidades de maior progresso do Brasil. Em 1959, Sagres (antiga Caíque) e Salmourão (Massa-Pé) foram emancipados como municípios, permanecendo até hoje Lagoa Azul como distrito de Osvaldo Cruz. A Comarca de Osvaldo Cruz hoje é formada por Sagres, Salmourão e Parapuã, com cerca de 50 mil habitantes. Importantes indústrias e produtores rurais geram a economia da cidade, que tem comércio e serviços em plena expansão. Osvaldo Cruz hoje tem mais de 31 mil habitantes. O prefeito é Edmar Mazucato(PSDB), o vice-prefeito é Luis Antonio Gumiero (PV). A Cidade Princesa ou princesinha da Alta Paulista é hoje uma das mais importantes da região. Não é servida mais pela ferrovia, que foi desativada nos anos 1990, mas conta com duas importantes rodovias estaduais, a Comandante João Ribeiro de Barros (SP 294-Araraquara-Bauru-Marília-Dracena-Panorama) e a Assis Chateaubriand (SP-425-São José do Rio Preto-Presidente Prudente-Divisa Estado do Paraná). Nas áreas essenciais para a população, Osvaldo Cruz é servida, na Saúde, pela Santa Casa de Misericórdia, fundada em 1958, que oferece bom atendimento, mas vive com problemas financeiros devido a grande demanda e a más gestões do setor, principalmente em nível federal. Além de Osvaldo Cruz, a Santa Casa atende também os outros municípios da Comarca. Há também postos de saúde municipais nos principais bairros. Na Educação, a cidade é bem resolvida: tem boas escolas municipais e estaduais, uma escola ambiental e uma faculdade de Administração. A região conta também com ótimas faculdades em Adamantina e Presidente Prudente, para as quais os estudantes contam com transporte oferecido pela Prefeitura. Com comércio forte, ampla rede bancária, parque industrial em expansão, a cidade é bem servida também na área de comunicação. Tem quatro emissoras de rádio, entre elas uma das mais ouvidas em toda a região, a Rádio Clube-AM, fundada em 1951. Na mídia impressa conta com três jornais com circulação regular, destacando-se o mais antigo, “Jornal de Osvaldo Cruz”, que circula há 59 anos. Há também o portal Ocnet, com notícias diárias da região à disposição na Internet. Moacyr Custódio

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Os anos românticos e a decadência econômica de Osvaldo Cruz

Aos 71 anos de fundação, com trajetória de pequeno povoado, vila, distrito, município e sede de comarca, pontuando, em poucos anos para cada etapa, o trabalho dos pioneiros desbravadores e formadores da cidade, na história de Osvaldo Cruz não constam brigas, revanchismo e atitudes invasivas de territórios vizinhos, nem rejeição dos governos estadual e federal por sua vocação para o progresso. Como simbolizou o seu nome inicial, Nova Califórnia, por onde, a partir do Oeste, se consolidaram os Estados Unidos, também no Estado de São Paulo, o progresso seguiu no rumo Oeste e teve Osvaldo Cruz como uma das principais referências. Em 1950, com menos de dez anos de existência, Osvaldo Cruz já era uma potência agrícola, destacando-se na produção de café, amendoim, algodão e abrigando centenas de famílias oriundas de todas as partes do Brasil e do Exterior. Esta economia se consolidava também com a pecuária, que convivia harmoniosamente com a agricultura, sem o monopólio hoje representado pelos produtores de cana de açúcar, que violentam os municípios e expulsam os herdeiros dos povos que os construíram. Na década dos anos 1960, quem passava pela então alameda Armando Salles de Oliveira, lá pelos lados do Picadão (hoje Vila Esperança), viam, durante a safra cafeeira, centenas de caminhões enfileirados descarregando café em grão para beneficiamento na Máquina Beluzzo, o mesmo acontecendo nas máquinas Cicap, Brandão, Mazzoni, Suíça, Santa Rosa. Milhares de trabalhadores, nas fazendas, nas beneficiadoras, no comércio e nas pequenas indústrias, formavam e viviam harmoniosamente numa corrente produtiva que construiu, não só Osvaldo Cruz, mas cidades como Inúbia Paulista, Sagres, Adamantina, Lucélia, Salmourão, Rinópolis, entre outras. A riqueza dos produtores e o poder aquisitivo dos trabalhadores rurais formavam um elo que impulsionava o progresso. O Oeste Paulista era o Eldorado. Na esteira desta força econômica, o capital chegava ao encontro dos novos ricos e dos trabalhadores com dinheiro nos bolsos, resultados das boas colheitas: Caixa Econômica Estadual, Banco do Comércio e Indústria foram os primeiros a chegar, mas logo vieram Banco do Brasil, o Banco Brasileiro de Descontos que foi fundado em Marília, e outros que acabaram incorporados aos grandes bancos de hoje. Também nos anos 60, a indústria automobilística já estava instalada no Brasil, com suas montadoras de consagradas marcas americanas. Os baratinhas Volkswagen e as kombis chegavam à Califórnia Motors, na rua Senador Salgado Filho, enquanto os caminhões Ford portentosos embelezavam as vitrines da Presidente Roosevelt, na Companhia de Automóveis Joaquim de Oliveira. Nos Irmãos Leite, na Salles de Oliveira, jeeps, peruas e camionetes Rural Willys eram adquiridos pelos sitiantes, enquanto a classe B urbana desfilava com Gordinis e DKWs comprados na Autoima, na avenida Brasil. Para ostentar, gente mais endinheirada, comprava os luxuosos Sincas Chambords na Alta Paulista, como fez o administrador da Fazenda Coroados, que tinha um Sinca novinho em folha que só saía da garagem para ser lavado e admirado pelos colonos e pela criançada. O comércio era forte, representado não só pelas lojas natas da cidade, como Casa Ferradura, Loja dos Retalhos, Casa Confiança, Loja das Novidades, mas também pelas grandes redes que descobriam o Interior, como Casas Pernambucanas, Lojas Riachuelo, Casas Buri, Lojas Hirai. Aos sábados, Osvaldo Cruz era uma festa: centenas de caminhões, camionetes, carros, carroças e pessoas à cavalo chegavam à cidade para compras e passeios. Outras centenas vinham pelos ônibus da Empresa Atílio Natal, de Salmourão, de Sagres, das fazendas. As avenidas Brasil, Presidente Roosevelt e a Praça da Matriz ficavam lotadas de homens, mulheres, jovens e crianças, destacando-se as moças da roça, muito bonitas, que desfilavam sua simplicidade e beleza faceira emoldurada por lindos vestidos de tecido barato. Aos domingos, a presença rural era substituída pela presença urbana: moças e rapazes desfilavam e se enamoravam nas calçadas e alamedas da praça da Matriz. A partir dos anos 1980, em consequência de duas grandes geadas que ocorreram em 1976 e 1982, dizimando milhares de roças de café, a economia de Osvaldo Cruz e cidades da região mudou de vocação. Cafezais viraram pastos, colônias de casa rurais foram derrubadas, fazendeiros viraram industriais, sitiantes viraram comerciantes. Milhares de pessoas naturais se aglomeraram na zona urbana ou foram embora para as grandes cidades, deixando um rastro de saudade e uma bonita história construída com muito amor e trabalho. Moacyr Custódio