“Presentismo”: palavra ausente no dicionário, porém “presente” em nossa realidade. Mas que seria “presentismo”? Mania de dar ou receber presentes? Não. Este neologismo, não inventado pelo autor deste artigo, mas utilizado por um professor em sala de aula, expressa uma das tendências da juventude (e quem sabe de muitos de nós) em tempos de pós-modernidade.
Presentismo significa assumir uma “simples consciência do presente”, totalmente desvinculada do passado e da consciência histórica, sem perspectivas para o futuro. Uma vida sem utopias, mas também sem memória histórica. Manifesta-se no “curtir a vida”, viver “como se não houvesse amanhã”, não prender-se a vínculos e compromissos. Como exemplo desta tendência, temos o famoso “ficar”: relacionar-se com alguém sem nenhuma perspectiva de continuidade. A exacerbação do prazer sexual, o uso de drogas, a busca intensa do prazer pelo prazer são também expressões do presentismo. Nem a prática religiosa escapa deste risco, quando voltada apenas para a emoção ou solução imediata dos problemas, marcada por uma espiritualidade superficial, de momento, descomprometida com a realidade.
Incapaz de avaliar a história passada, o “presentista” não acolhe a experiência dos mais velhos, não se vincula a nenhuma utopia, sonho ou projeto. Não tem raízes; “é de momento” (Mt 13,20). A falta da dimensão utópica não lhe permite avançar “para águas mais profundas” (Mt 5,4). A realidade sociopolítica não faz parte de seus interesses. Ele quer “curtir”. Nada importa, a não ser o presente, sem vínculos com o passado ou compromisso com o futuro.
Se fôssemos dicionarizar o “presentismo”, qual seria seu antônimo: saudosismo, futurismo? Para não ser “presentista” não é necessário ser saudosista ou tradicionalista e tampouco um ingênuo sonhador em relação ao futuro. O presente não pode ser desvinculado do passado, de maneira a não criar perspectivas para o futuro. A consciência histórica nos ajuda a viver o presente e nos lança para um futuro a ser construído.
Será que o leitor deste artigo é um “presentista” ou possui consciência histórica? A dimensão utópica ainda faz parte de sua vida? Sonhos, projetos, esperança “constam de seu dicionário”? Compromisso, vínculo, consciência social acompanham seu dia a dia? Pense nisso...
Pe. Ademilson Luiz Ferreira, ex pároco da Paróquia São Judas Tadeu de Tupã, mestrando em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE) de Belo Horizonte – MG.
Nenhum comentário:
Postar um comentário