A morte de dois torcedores após confronto envolvendo cerca de 500 integrantes das torcidas organizadas “Gaviões da Fiel” (Corínthians) e “Mancha Alviverde” (Palmeiras), na manhã de domingo (25), na avenida Inajar de Souza, Zona Norte da Capital, levou a Federação Paulista de Futebol (FPF), o Ministério Público e autoridades policiais a tomarem medidas enérgicas para coibir a onda de violência que vem ocorrendo em São Paulo.
Na segunda-feira (26), a FPF publicou comunicado, assinado pelo presidente Marco Polo Del Nero, determinando a proibição da entrada das torcidas “Gaviões” e “Mancha” em todos os estádios paulista. A medida entrou em vigor na própria segunda-feira e, segundo a entidade, terá duração até a conclusão das investigações sobre a briga entre as duas torcidas na manhã do domingo.
Diz o comunicado, que foi divulgado antes de se ter conhecimento da segunda morte: “proibir a entrada nos estádios, até que sejam apurados os fatos e os responsáveis punidos nos termos da legislação em vigor, às torcidas organizadas Mancha Alviverde e Gaviões da Fiel”. Assim, torcedores de Palmeiras e Corínthians podem entrar nos estádios, mas sem nenhuma identificação das torcidas, como camisetas, agasalhos, bandeiras, faixas, bonés etc. O comunicado não cita outras torcidas dos clubes, como a “Pavilhão 9” e a “Estopim”, do Corínthians, e a TUP do Palmeiras, nem as torcidas do São Paulo (Independente e Dragões da Real) e do Santos (Jovem e Sangue Santista).
Na terça-feira (27), a Polícia fechou as sedes das duas torcidas, apreendeu computadores e até armamentos e munições, e prendeu cinco torcedores palmeirenses. Um dos presos é Tiago Alves Lezo, 21 anos, irmão de André Alves Lezo, morto no confronto de domingo. Tiago é irmão gêmeo de André Alves Lezo, morto no confronto. A polícia apreendeu em sua casa munições, um porrete e um quadro com o desenho do personagem das histórias em quadrinhos Disney – Mancha Negra na cor verde – portando duas armas, além de seu computador pessoal. Tiago é também irmão de Lucas Lezo, vice-presidente da Mancha, e que é um dos 26 torcedores que estão proibidos de entrar nos estádios. O pai deles, que é policial militar, e a mãe, evangélica, também frequentam a sede da torcida e participam de projetos sociais, segundo apurou a polícia. A prisão dos palmeirense foi decretada por 30 dias.
Segundo o DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção a Pessoa) da Polícia Civil outros mandados de prisão seriam cumpridos com a prisão de integrantes da Gaviões. Na sede da Gaviões, a polícia apreendeu também R$ 150 mil, que foi retido até que a torcida informe sua origem. O advogado da torcida, Davi Gebara, informou que o dinheiro pertence ao Corínthians e é resultado da venda de ingressos. Segundo apurou a polícia, alguns membros da Gaviões teriam viajado para o Rio de Janeiro, mas não poderiam ser considerados fugitivos devido ao mandado de prisão ainda terem sido emitidos.
O confronto entre as duas torcidas ocorreu por volta de 9 horas na Zona Norte, em local bem distante do Pacaembu, que fica na região Oeste, próximo ao centro da cidade. A briga teria sido “marcada” pelas redes sociais da Internet, mas torcedores afirmam que a rede é usada “apenas” para combinar a saída da facção da Zona Norte para encontro com os outros torcedores da organizada. O clássico, vencido pelo Corínthians por 2 a 1, ocorreu a partir das 16 horas e, pouco antes do final, foi registrada violenta briga entre os próprios torcedores corintianos.
No confronto da Zona Norte, morreram André Alves Lezo, 21 anos, que levou dois tiros, um deles na cabeça, e Guilherme Vinícius Jovanelli Moreira, 19 anos, vítima de traumatismo craniano, ambos palmeirenses. Outras três pessoas ficaram feridas.
Moacyr Custódio
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