Há seis anos, a Federação Paulista de Futebol (FPF) mudou as denominações dos campeonatos estaduais de futebol profissional. Até 2006, existiam as séries A (A-1, A-2 e A-3) e B (B-1 e B2). Eram cinco divisões, além do extinto Campeonato Paulista de Futebol Amador, cujo campeão ganhava o direito de disputar o futebol profissional, entrando na B-2.
A partir de 2006, a FPF criou as Primeira e Segunda Divisões, procurando dar uma injeção de valor para todos os times profissionais do Estado. Assim, são times de Primeira Divisão todos os integrantes das séries A-1, A-2 e A-3, esta última onde está o Osvaldo Cruz F.C., que é time de Primeira Divisão, portanto. E são da Segunda Divisão todos os outros que foram caindo de divisões ao longo do tempo, ressuscitaram, ou foram montados por empresários, como times sem história, bandeira ou cidades, mas que entram no futebol pela última porta, visando negócios no futebol.
É uma questão de marketing, uma publicidade enganosa mesmo, mas que tem como objetivo captar investimentos e negociar jogadores. Aqui, eu você e todos os esportistas bem informados, sabemos que a Série A-3 é a terceira divisão e que a “Segunda Divisão” é a quarta. Mas lá no Exterior, nos balcões de negócios de times e atletas, a coisa funciona assim: o Cajuru joga no Osvaldo Cruz, time da primeira divisão do Estado de São Paulo, e o Zé Henrique, joga no Tupã, que disputa a Segunda Divisão do maior centro do futebol brasileiro, pentacampeão do mundo. Chique, não é?
Mas, na verdade, a realidade fria da coisa é mesmo aquela que a professora Dirce ensinava no Grupo Escolar Dom Bosco: dois é mais que um, menos que três e metade de quatro. Resumo: o Futebol Paulista tem primeira divisão (A-1), segunda divisão (A-2), terceira divisão (A-3) e quarta divisão, aquela que a FPF insiste em chamar de segunda.
E é para esta quarta divisão que o Osvaldo Cruz F.C. está caminhando, com a péssima campanha que realiza na Série A-3. Cair para esta tal de “segundona” é como chegar ao fundo do poço. O campeonato já teve mais de 60 equipes na disputa, se arrasta por longos meses, e passar pelas várias fases que levam a A-3 era uma gostosa e romântica guerra nos tempos da B1 e da B2, mas hoje virou uma competição desigual: estão ali clubes-empresas misturados ou infiltrados em times tradicionais, numa disputa de gato e rato ou de pobres e ricos.
O Azulão de Osvaldo Cruz tem sido heróico e a cidade tem que aplaudir o presidente Luiz Gumiero, o prefeito Valter Luiz Martins e dirigentes de empresas como Trinys, Capezio, Linoforte, Supermercado Bandeiras, Dubibrás e outros que, de uma forma ou de outra, estão garantindo o futebol da cidade no topo do cenário paulista.
O Osvaldo Cruz, que vive mais uma crise de resultados este ano, subiu da B-1 em 2005, disputou a A-3 em 2006, quando subiu para a A-2, voltou para a A-3, subiu de novo para a A-2 em 2010, voltou para a A-3 em 2011, onde está este ano. É um ótimo retrospecto nesses sete anos.
Nesses momentos difíceis, dirigentes, autoridades, empresários locais, imprensa e torcedores devem se unir numa corrente positiva para manter o time longe do caminho quase sem volta da quarta divisão.
A Segunda (quarta) divisão 2012 começa no dia 5 de maio, com 35 times. Da região, Tupã F.C., Grêmio Prudente e A.E. Araçatuba estão entre os participantes. A novidade é a volta do G.E.Novorizontino, que já foi vice-campeão paulista na A-1. Outra novidade: a S.E.Matonense, que subiu sucessivamente de divisões e fez sucesso na divisão principal na década de 80, não vai disputar este ano, exemplo emblemático de que a quarta-divisão pode significar o fim.
Moacyr Custódio
Nenhum comentário:
Postar um comentário