A agenda política na Capital, que reflete de forma direta e indireta no Interior do Estado, intensificou as suas ações nesta semana, com a confirmação da pré-candidatura do ex-governador José Serra pelo PSDB. Nas prévias internas dos tucanos, realizadas domingo (25), Serra obteve 3.176 votos (52%), superando José Anibal, secretário estadual de Energia, que obteve 1.902 votos (31,2%), e o deputado federal Ricardo Tripoli, que teve 1.018 votos (16,7%).
No início das discussões sobre as prévias tucanas, outros dois nomes foram lançados para a disputa: os secretários Bruno Covas (Meio Ambiente) e Andrea Matarazzo (Cultura), que desistiram após Serra decidir que entraria na disputa, em 27 de fevereiro.
Este quadro com cinco pretendentes iniciais, o resultado das prévias, que apontou a soma dos votos de Anibal e Tripoli próxima aos de Serra e a pouca presença dos filiados – 6.229 dos quase 20 mil com direito a voto – pode significar um “racha” do partido na Capital, segundo avaliação dos especialistas.
Assim, as próximas metas do PSDB é buscar a unidade do partido e intensificar as conversas para as alianças, conforme disse Júlio Semeghini, presidente do Diretório Municipal. Sobre as alianças, o PSD do atual prefeito Gilberto Kassab, o DEM, o PP e o PSB são “coligações naturais”, mas o PSB pode não vingar, pois o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, já afirmou que o partido deve apoiar o candidato do PT, Fernando Haddad. Foram iniciadas também conversas com o PPS, que tem a jornalista Soninha Francini como pré-candidata, que é contra qualquer acordo com os tucanos, pelo menos por enquanto.
José Serra, que garantiu mais uma vez se manter no cargo de prefeito até o fim do mandato, reafirmou que sua candidatura visa “conter o avanço do PT no Brasil”. O governador Geraldo Alckmin, por sua vez, foi duro com o PT. “O PSDB não tem democracia só no nome, não tem candidato laboratório, o candidato do PSDB sai da base”, disse, referindo-se a Fernando Haddad, candidato imposto ao PT pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
E se é para conter avanços, o PT já está agindo: na segunda-feira (26), um jantar em São Paulo reuniu Haddad e Gabriel Chalita, pré-candidato do PMDB, no qual firmaram um acordo de “não agressão” entre eles, visando unir forças contra José Serra para chegar a um possível segundo turno. O acordo tem o aval do ex-presidente Lula.
Detalhe: esteve presente no jantar, a jornalista Lurian Cordeiro Lula da Silva, filha de Lula, e assessora de Chalita. No passado, Lurian protagonizou uma das maiores baixarias eleitorais do país: nas eleições presidenciais de 1989, o candidato Fernando Collor exibiu na TV depoimento da enfermeira Miriam Cordeiro, mãe de Lurian, acusando o ex-namora Lula de tê-la incitado a fazer o aborto da menina. Lurian cresceu e, quando o pai assumiu a presidência, foi acusada de desvio de dinheiro da Ong Rede-13 e de uso irregular do cartão corporativo do Governo Federal.
A Capital tem outros pré-candidatos já anunciados: o ex-pagodeiro Netinho de Paula, que é vereador, pode sair pelo PC do B; Celso Russomanno pelo PRB e Paulinho da Força pelo PDT. E está acontecendo uma pesquisa encomendada pelo PR, cujo resultado poderá fazer o partido lançar a candidatura de Tiririca a prefeito. O humorista já disse que aceita se o partido quiser.
Como se vê, nuvens cinzentas estão previstas nos céus da terra da garoa, cidade que enfrenta hoje uma de suas piores administrações com Gilberto Kassab e, como maior cidade do país, continua sendo usada para acordos e interesses políticos.
Moacyr Custódio
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